terça-feira, 28 de outubro de 2008

A casa de Mateus

A Casa de Mateus foi edificada durante a primeira metade do século XVIII por António José Botelho Mourão (1688-1746), 3º Morgado de Mateus. A capela foi terminada pelo seu filho: D. Luís António de Sousa Botelho Mourão (1722-1798).

A Casa de Mateus é uma edificação barroca de planta rectangular, estruturada em dois corpos laterais, implantados no sentido noroeste/sudeste, e ligadas entre si, ao nível das fachadas posterior e principal, por duas alas que lhe são perpendiculares, conferindo ao conjunto uma grandiosidade e beleza de raro efeito plástico e arquitectónico.

“Planta composta em U, volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado de quatro águas. Com dois pisos é intersectado ao meio por um corpo, destinado ao hall nobre de entrada, donde origina um pátio interior de planta quadrada e um outro pátio de entrada também em U, onde se desenvolve uma sumptuosa escadaria dupla. A fechar o pátio de entrada, um murete, suporte de uma balaustrada onde apoiam seis pináculos de granito. A fachada principal orientada a O., apresenta as extremidades das alas do U, empregando sobre as aberturas do 1º piso frontões triangulares simples, como os que percorrem as extensas fachadas laterais. No interior do pátio de entrada e a contrastar com esta linguagem seca, os vãos do mesmo piso possuem frontões ondulados e interrompidos. A encimar a frontaria onde se adossa a escadaria de entrada e ao centro uma pedra de armas. Sobre os telhados, assentes em cornijas de granito, nos cunhais e ângulos apoiam-se altos pináculos. Também no pátio interior desenvolvem-se duas escadarias duplas em fachadas opostas. Através do arco localizado debaixo do patamar de acesso ao andar nobre da escadaria do pátio de entrada estabelece-se ligação entre estes dois pátios. A relaciona-los uma sala a toda a extensão para a paragem das carruagens puxadas por cavalos. Após a passagem deste espaço e alinhados pelo arco já referido um outro na extremidade da fachada nascente conduz ao jardim. A capela junto à fachada lateral N. é de planta rectangular, dividida em três espaços, correspondendo às extremidades a capela-mor e ao sub-coro. O espaço intermédio possui um tecto em cúpula, encimado por um lanternim. O coro está apoiado num arco abatido. O arco cruzeiro que antecede a capela-mor, com um tecto em abóbada de berço apoia-se em colunas jónicas. A fachada principal da Capela orientada a O. apresenta um portal simples ladeado por quatro colunas onde assenta um arco de volta perfeita que envolve uma pedra de armas. Sobre este arco uma cartela com a data inscrita da fundação. A encimar este conjunto, duas volutas interrompidas.” IPA – Nº. 1714150004, Descrição, http://www.monumentos.pt.

A ala anterior é recuada, e dotada de uma dupla escadaria, que permite o acesso desafogado ao primeiro piso, antecedida de um pátio de generosas dimensões e que, com os corpos laterais mais avançados, formatam a fachada principal do edifício.

A ala posterior fecha um outro pátio interior, de menores dimensões, aberto, e remata a fachada a sudeste, que abre para os jardins da Casa e fachada lateral da Capela.

É de admitir a possibilidade de intervenção de Nicolau Nasoni nesta edificação, pelo menos na secção central do palácio (fachada poente), conforme defende Vasco Graça Moura, no seu livro “Figuras em Mateus” (pp. 18-28), com base nos estudos de Robert Smith sobre este arquitecto toscano, a que acrescenta uma bem estruturada fundamentação técnica e artística em abono desta teoria, remetendo para o período que medeia entre 1739 e 1743, a elaboração do “risco” e respectiva execução da secção referida.

Esta forte probabilidade de Nicolau Nasoni ter intervido, senão na totalidade, ao menos em parte do edifício, confere-lhe um valor acrescido ao, já de si, importante (e imponente) palácio, quer pelas generosas dimensões que ostenta, quer pela forma como foi concebido nas suas relações espaciais e funcionais.

O conjunto é ainda complementado com a Capela da Casa, situada a nordeste da mesma, de natureza estilística algo diferenciada do corpo principal do palácio, mas nem por isso menos exuberante nos pormenores decorativos, e igualmente marcante pela altura que patenteia e pela volumetria que lhe está associada, conferindo um equilíbrio notável à totalidade da edificação.

Os diversos anexos existentes no espaço da cerca, com realce para o edifício da “Nova Adega”, uma construção que data, originariamente, do séc. XVI, situada nas proximidades da capela, em frente à fachada norte do edifício principal; o denominado “Barrão”, localizado em zona mais distante da Casa, certamente celeiro e espaço de “arrumos” da eira que se estende à sua frente; e ainda os magníficos jardins que rodeiam o edifício principal, completam toda esta estrutura edificada, conferindo-lhe características muito próprias e permitindo possibilidades de “tratamento” museológico excepcional, pela funcionalidade e capacidade de adaptação de cada espaço considerado às novas funções que se pretendem introduzir no circuito expositivo da Casa.

Agostinho Ribeiro - Conservador Museólogo


domingo, 26 de outubro de 2008

Uma flor...



segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Pré-história em Fiais - Carregal do Sal

Uma das maiores descobertas que realizei ultimamente foi a zona arqueológica de Fiais-Azenha ao pé de Carregal do Sal. Situado em pleno coração do Planalto Beirão olhando para a Serra da Estrela, podemos encontar vestígios da presença humana pré-histórica.


Destacam-se os seguintes monumentos visitáveis:

1 - Orca do Outeiro do Rato
Monumento funerário com câmara poligonal e corredor longo. Terá sido utilizado durante o Neolítico Final e Calcolítico e ainda durante a Idade do Bronze.

2 - Orca do Santo
Encontra-se hoje destruído, estando ainda visível parte da Mamoa.

3 - Abrigo da Orca
Trata-se de um abrigo sob rocha não datado até à data.

4 - Dolmen da Orca (Monumento Nacional)
É sem dúvida um dos maiores dolmens e um dos mais importantes monumentos megalíticos desta região, desde sempre propícia à ocupação humana. Com uma altura de três metros e um comprimento de sete metros e meio, é formado pela câmara e por um corredor. Mantém ainda os nove esteios e a laje de cobertura da câmara funerária.

5 - Orca 1 do Ameal
Com cerca de 6000 anos, é uma das sepulturas pré-históricas mais antigas do circuito. É constituída por câmara poligonal aberta e sem corredor.

6- Orca 2 do Ameal
Com cerca de 6000 anos, é, juntamente com a Orca 1 do Ameal, uma das sepulturas pré-históricas mais antigas do circuito. É constituída por câmara poligonal aberta e sem corredor.

7 - Habitat do Ameal
Local habitado, provavelmente de modo sazonal, por grupos pré-históricos. Era um povoamento aberto e os vários achados aí encontrados, incluíndo vários tipos de utensílios, remetem-no para a primeira fase do megalitismo regional, tal como acontece nas Orcas 1 e 2 do Ameal.

8 - Orca da Palheira
De razoáveis dimensões, possui uma câmara poligonal com corredor alongado. Posteriormente foi rodeado por uma palheira e adaptado à habitação, o que sucedeu até ao século passado. Alguns dos esteios foram utilizados na construção, alterando a sua estrutura megalítica.

9/10 - Complexos Rupestres do Ameal (gravuras 1 e 2)
Trata-se de afloramentos graníticos que apresentam gravuras, sobretudo cruciformes, datando de diferentes períodos.

11 - Penedo da Víbora
Rocha com insculturas. Está relacionada com várias lendas sobre moiras e povos megalíticos.

12 - Orca de Santo Tisco
Embora fique já fora do circuito, este dolmen destaca-se por apresentar uma característica especial - um dos esteios apresenta uma pintura a ocre representando um sol com sete raios

Deixo-vos com algumas fotos








Gatos

Aos nossos amigos gatos. E a este em especial que é ma ternura. O Pançola.