domingo, 12 de abril de 2009

Funcionários da Loja do Cidadão de Faro obrigados a "Dressing Code"

Será Revolução de Abril ao fim de 35 anos uma farsa? Todos fomos aos poucos perdendo a inocência e a poesia de uma revolução que nos podia ter feito um povo novo e melhor. Um povo de progresso. E no princípio talvez assim tenha sido. No entanto o tempo foi passando e as conquistas, que francamente não percebo porque assim são chamadas, dado que a meu ver se tratam essencialmente de evoluções naturais que estavam impedidas de surgir, foram-se perdendo e desvanecendo. Esta notícia aparece no jornal da noite da SIC e pretende-se com ela dar um pouco de animação a uma sexta-feira Santa já mais que morta e enterrada. Uma espécie de “Regresso ao Futuro II” ou “Os Dez Mandamentos” ou até a “Música no Coração”… algo repetido vezes sem conta mas que apela sempre ao eterno saudosismo português. O mais estranho, de facto corresponde à subtil informação que nos vem de Faro, após a notícia acabada de transmitir sobre a indignação de alguns políticos de Abril que, referindo-se ao estado das coisas anunciam a sua preocupação e desespero pelo caminho que a revolução acabou por levar. Mário Soares e Manuel Alegre.
Na verdade indigna-me estas posições de força dos patrões e dos governos que debaixo da pata da democracia tentam sempre e constantemente dar asas a uma postura de poder absoluto. Isto é, numa sexta-feira santa em que Cristo (o filho de Deus) está morto, o demónio anda à solta. O demónio que os tenta a deixarem-se levar pelo desejo de serem nem que seja nestas pequenas coisas umas espécies de tiranos.
Só concebo estas atitudes de demonstração de poder para dar algumas notas. A primeira das notas é a da despersonalização. Ou seja o vestuário tendencialmente igual indiferencia as pessoas e identifica-as como pertença a um grupo. Assustador que o Estado promova a indiferenciação por pertença. Neste momento poderemos todos estar certos que seremos atendidos indiferenciadamente por qualquer pessoa daquele grupo. A segunda das notas está intimamente relacionada com aquilo a que gosto de chamar de “síndroma da farda”. Quero dizer com isto que se o estado não tem dinheiro para pagar as fardas que deseja sejam utilizadas pelos seus colaboradores deverá abster-se de referências a “dressing codes”. Aliás digo isto a qualquer empresa. Se não estão dispostos a pagar o necessário para que as pessoas andem vestidas de acordo com um código qualquer então não devem fazer qualquer tipo de exigências. As pessoas devem ser integradas pelo seu trabalho e não pela sua aparência. sendo que a aparência por se tratar de algo tão pessoal deva ser deixado de fora de tais critérios ou disposições.
sou contra, definitivamente, a tudo o que diga respeito a regras quanto ao que considero ser estritamente individual. Defendo que a forma como estou vestido não influencia o meu pensamento, não me torna mais capaz para o desempenho de uma tarefa ou não me torna mais inteligente.

0 comentários: